Doenças Malignas

  • Leucemias

    As leucemias são doenças malignas do sangue em que uma população de células (os blastos) infiltram e "asfixiam" a medula óssea, impedindo a produção normal de células do sangue a ponto de, se não for tratada, levar à morte, principalmente por falência da medula.

    A quimioterapia citotóxica pode destruir estas células malignas, mas também atinge as células normais da medula. No tratamento convencional da leucemia, as doses de quimioterapia são limitadas, de modo a não serem muito tóxicas para a medula óssea, permitindo que a medula normal, depois de um período de "paralisia" e suspensão transitória de produção de células normais, retome a sua actividade regenerativa. Com um enxerto de medula óssea é possível, depois de dar doses muito altas de quimioterapia para destruir a doença, restabelecer a função da medula que ficou destruída por essas doses maciças de quimioterapia. Portanto, a transplantação realiza-se depois da quimioterapia (com ou sem radioterapia) e outros tratamentos terem sido administrados para eliminarem as células malignas e suprimirem a imunidade do doente. O enxerto vai substituir a medula do doente por uma medula de um dador ou do próprio doente.

    Há diversos tipos de leucemias. A indicação para transplante e a fase em que está indicado varia conforme o tipo.

    Leucemia mieloblástica aguda - O transplante tem maior probabilidade de sucesso quando o doente se encontra em 1ª remissão, do que em fases mais avançadas (2ª remissão ou recaída), devido ao menor risco de recaída em fases mais precoces da doença. O autotransplante, geralmente é usado como terapêutica de consolidação do tratamento convencional. 

    Leucemia linfoblástica aguda - Esta é o tipo de leucemia mais frequente nas crianças. Atualmente, na maioria das crianças apenas com quimioterapia convencional obtém-se cura. No entanto, depois de recaída ou em certos grupos de doentes com características de alto risco a probabilidade de sucesso da quimioterapia é significativamente menor pelo que nesses casos está indicado o transplante. Nos adultos, a probabilidade de sucesso da quimioterapia é bastante menor, pelo que há indicação para transplante em 1ª remissão. Na LLA, geralmente não se efectuam transplantes autólogos, pois os resultados são sobreponiveis aos da quimioterapia convencional.

     
    Leucemia mieloide crónica - A transplantação alogénica é o único método com possibilidade de cura nesta doença. Quanto mais precocemente for efectuado, maior possibilidade de sucesso tem o transplante e menor risco de complicações. O autotransplante neste tipo de Leucemia é experimental.

  • Mieloma múltiplo

    O Autotransplante está indicado em doentes com menos de 65 anos e após tratamento convencional. Poderá haver indicação para um duplo autotransplante, sendo o segundo 3 a 6 meses após o primeiro. 

     

    A transplantação alogénica é uma opção para os doentes com idade inferior a 60 anos, em que a doença progrida após transplante autólogo e quando há dador HLA idêntico.

     

  • Linfomas

    Nos linfomas, as células que existem nos gânglios linfáticos tornam-se malignas. Neste caso, a transplantação de medula óssea é utilizada para permitir que sejam utilizadas doses maciças de quimioterapia que podem ser eficazes para destruir o linfoma quando as doses convencionais são insuficientes. Assim, depois da administração destas doses altas, o enxerto de medula vai permitir recuperar a produção de células do sangue.

    A maioria dos linfomas (doença de Hodgkin e linfomas não Hodgkin) é curável com quimioterapia convencional. No entanto, nos doentes que sofrem recaída ou que tem fatores de mau prognóstico, a probabilidade de sucesso é muito reduzida com quimioterapia convencional. Nesses casos, há indicação para transplante. Quanto mais precocemente for efectuado o transplante, menor o risco de recaída e, por conseguinte, maior probabilidade de cura.

     

  • Outras doenças malignas

    A transplantação de medula, em especial o autotransplante, tem sido utilizada igualmente no tratamento de alguns casos de cancro da mama, tumores do testículo, tumores da criança (neuroblastomas, por exemplo) com resultados encorajadores.
    Em doentes com Cancro da mama tem sido utilizado em regime experimental o autotransplante, por este permitir utilização de quimioterapia em doses mais elevadas. Nos doentes com mais de 10 ganglios axilares positivos e sem metástases, os resultados existentes, embora não definitivos, parecem apontar para um número superior de doentes sem sinais da doença 5 anos após o transplante.
    Recentemente noa Carcinomas de células renais em progressão após terapêutica convencional, em doentes com menos de 65 anos e com dador HLA compatível, foram obtidos resultados muito promissores com alotransplantes, após regimes de condicionamento de baixa intensidade.

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